É a maior das matas que temos no nosso país, e a ela devemos, sem dúvida, o nome e a vida da Marinha Grande. O primeiro administrador geral que teve esta importante mata foi o Tenente-Coronel de Engenharia Frederico Luiz Guilherme de Wernhagem, que o governo constitucional contratou na Alemanha para ensinar a tirar proveito da soberba floresta. Foi homem conhecedor em silvicultura e que muito contribuiu para a boa cultura, conservação e engradecimento do pinhal de leiria.
Foi o desenvolvimento e aproveitamento desta riqueza, que levou ao aparecimento das joias que tento retratar a seguir.
O Caminho-de-ferro Americano foi instalado na Marinha Grande cerca de 1857. Foi construído inicialmente com carris de madeira, substituídos em 1861 por carris de ferro. Fazia a ligação entre a Marinha Grande (desde a estação de Pedreanes, passando em frente da Real Fábrica de Vidros) a São Martinho do Porto. Ainda hoje existem as duas antigas estações de Pedreanes e São Martinho do Porto, cuja arquitectura é igual, construída em 1856. Posteriormente, em 1923, foi instalada no interior da mata, uma rede de carril com cerca de 30 km de extensão destinada ao transporte de madeiras por um outro comboio movido a vapor, denominado Comboio-de-lata. Este último fazia o transporte de madeiras do interior do Pinhal para a serração de pedreanes, e até à estação de caminho-de-ferro da cidade. O Comboio-de-lata persiste até hoje na memória afectiva de muitos marinhenses, uma vez que no passado esteve disponível à população da Marinha Grande para passeios turísticos em datas festivas.
Em 1859, é dada autorização a Bernardino José Gomes para construir um edifício para a instalação de uma fábrica de resinagem na Marinha Grande. No interior do edifício existiu um pátio de depósito e purificação de resinas. Por despacho governamental em 27 de Fevereiro de 1900, foi cedido um espaço desta fábrica à recém-formada “Associação dos Bombeiros Voluntários”. Em 1942, foi inaugurado neste mesmo edifício o Mercado Municipal, mercado que até esta altura se realizava em plena rua. Hoje, o Mercado Municipal está noutra zona.
Ainda nos dias de hoje existem vestígios da fábrica de ferro inaugurada a 6 de Março de 1866, equipada com um alto-forno construído segundo um sistema moderno, obra colossal de tijolo e ferro, esta empresa pertencia à Companhia de ferro e carvão Lda. Segundo documentos da época, o facto de não terem sido obtidos resultados e a não existência do combustível necessário no pinhal Nacional, esta unidade teve de parar a laboração no mesmo ano.
A Marinha Grande muito melhorou com esta linha, construída entre 1885 e 1888, projectada inicialmente com vista ao transporte de vidro e madeiras. Foi em 8 de Outubro de 1888, o primeiro dia em que o comboio saiu de Lisboa, passou à Marinha Grande e foi feita uma grande recepção, com muito povo, música, etc.
Muitas mais obras de grande importância falta referir neste trabalho, toda esta sequência histórica veio contribuir para o aumento populacional, devo frisar que também os meus antepassados chegaram para trabalhar na linha do Oeste e por aqui ficaram. A população no ano de 1900 era de 5566 habitantes e em 1920 já contava com 7035 pessoas.